Invadem-me prazeres múltiplos, despertando um desejo de volúpia que transcende as fronteiras estanques do carnal. O poder de invasão nasce no pensamento do corpo feminino, despido perante meus olhos e sorvido perante o meu olfacto. Amputado dos restantes sentidos que a memória não apazigua, desejo insaciável de tocar, de sorver cada gosto e aroma, de escutar gemidos surdos que, escondem poderes de absurda força dissipadora da minha resistência enquanto homem.
Cada contorno do corpo da mulher tem a mão do artista divino. O torneado tem a forma distinta e única do toque do criador. Perscruto, palmilhando cada centímetro de pele na tentativa ideológica de dar a mão com Deus e física de possuir a arte e engenho, patentes em tamanha beleza.
Receber a mulher despida é um acto que imagino apenas comparável, à primeira vez que uma mãe recebe o seu filho recém nascido nos seus braços e inatamente todos os seus sentidos capturam a essência deste novo ser, que vê como seu e parte de si.
O toque de veludo virilhas da fêmea que magnetiza toda atenção para a porta da concepção, canto da sereia que conduz navios ao naufrágio iminente nas rochas, atracção irredutível pelo abismo, fonte que não sacia o prazer, faz-me sentir Sméagol que não vence o Gollum...
O desejo de posse obstina-me a viagem, abstrai o percurso, mas não afasta o destino. Por conceito as singularidades são únicas, por devoção perscruto cada uma delas. Artífices e cosméticos, mascaram uma beleza de reciprocidade igualizada apenas pelo meu desejo de a contemplar. Abstraio-me do destino, foco no percurso, agora sim a viagem peregrina tem início. Aventureiro no Novo Mundo, um continente defronte da minha presença e ferramentas aparentemente diminutas para explorar todos os sentidos sensoriais novos. Avidez contrastante com a devoção.
Os passos convertem-se em centímetros, os pés em mãos. Delicadamente percorro quilómetros com as mãos, que abrem caminho à restante comitiva de sentidos. A diversidade de formas, de temperaturas, de aspereza, de rugosidade, de tons, de odores, contrasta em diminuto espaço. Acariciar a fronteira que separa o cabelo da pele desabrigada, perseguindo a forma do mesmo, com os dedos, até que seja percorrida a distância que o separa definitivamente da sua proprietária, para voltar num ápice à origem.
O pescoço, belo e incauto a qualquer investida. Como a superfície calma de um lago, é imediata a sua reacção quando arremessada uma pedra. Um estímulo produz uma reacção imediata, mas incerta. É a pedra de roseta que proporciona uma visão da energia contida naquele corpo. Por ele sei como se arrepiará pele, o odor que será emanado resultado das alterações metabólicas de um organismo em ebulição, escutarei indecifráveis sons que traduzem significados de despudor genuíno, exaltarei na minha boca sabores divinos, observarei contracções musculares e espasmos que confluem num bailado harmonioso. Apenas um Big Bang em tubo de ensaio...
Percurso alucinado, conseguido através de corridas apressadas, para logo voltar atrás em passo contemplativo, alheio à abstracção. Orelhas, olhos, queixo, boca, maças do rosto, frontes... Cada qual encerra um segredo, cada qual possui uma senha que abre portas para um mundo de sensações, em que um Abre-te Sésamo é tão provável de resultar como ganhar o Euromilhões sem ter jogado. Têm de ser superadas todas as portas, sem ordem definida para atingir um estado de comunhão e sintonia únicos. A humidade dos lábios entreabertos, as formas únicas do lóbulo das orelhas, a suavidade das pálpebras...
Chegado aqui, resigno-me e rendo-me ao evidente – não me consigo abstrair do destino. Este exercício infrutífero de fazer caber um mundo de emoções numa amálgama de frases e palavras, esgota-me em frustração. Sou assaltado por imagens do passado e aturdido pelo voluntarismo dos sentidos em seguir o desejo, deixando-me órfão da vontade. Não posso ousar traduzir a cascata de sensações, a torrente de lava em que o desprimor das palavras trai o mais básico. Não desejo cartografar o Novo Mundo, não desejo acrescentá-lo ao mundo conhecido, desejo tomá-lo, possui-lo em todo o seu potencial, em toda a sua beleza, em todo o seu vigor, resgatando tudo o que tem para me oferecer e desejando que me abrace e me permita fundir com ele, para que juntos sejamos ainda mais belos e únicos, para que juntos sejamos capazes de trazer novos mundos ao NOSSO MUNDO...
Até lá, navego solitário na minha caravela, orientando-me pelas estrelas, pelo vento, pelas aves, seguindo mapas medievais traçados pelas minhas experiências. Evito ilhas de ninfas, evito terras de oportunismo... Tenho mantimentos para bastante tempo, não tenho de atracar. Saberei quando chegar, saberei... Até lá...
Cada contorno do corpo da mulher tem a mão do artista divino. O torneado tem a forma distinta e única do toque do criador. Perscruto, palmilhando cada centímetro de pele na tentativa ideológica de dar a mão com Deus e física de possuir a arte e engenho, patentes em tamanha beleza.
Receber a mulher despida é um acto que imagino apenas comparável, à primeira vez que uma mãe recebe o seu filho recém nascido nos seus braços e inatamente todos os seus sentidos capturam a essência deste novo ser, que vê como seu e parte de si.
O toque de veludo virilhas da fêmea que magnetiza toda atenção para a porta da concepção, canto da sereia que conduz navios ao naufrágio iminente nas rochas, atracção irredutível pelo abismo, fonte que não sacia o prazer, faz-me sentir Sméagol que não vence o Gollum...
O desejo de posse obstina-me a viagem, abstrai o percurso, mas não afasta o destino. Por conceito as singularidades são únicas, por devoção perscruto cada uma delas. Artífices e cosméticos, mascaram uma beleza de reciprocidade igualizada apenas pelo meu desejo de a contemplar. Abstraio-me do destino, foco no percurso, agora sim a viagem peregrina tem início. Aventureiro no Novo Mundo, um continente defronte da minha presença e ferramentas aparentemente diminutas para explorar todos os sentidos sensoriais novos. Avidez contrastante com a devoção.
Os passos convertem-se em centímetros, os pés em mãos. Delicadamente percorro quilómetros com as mãos, que abrem caminho à restante comitiva de sentidos. A diversidade de formas, de temperaturas, de aspereza, de rugosidade, de tons, de odores, contrasta em diminuto espaço. Acariciar a fronteira que separa o cabelo da pele desabrigada, perseguindo a forma do mesmo, com os dedos, até que seja percorrida a distância que o separa definitivamente da sua proprietária, para voltar num ápice à origem.
O pescoço, belo e incauto a qualquer investida. Como a superfície calma de um lago, é imediata a sua reacção quando arremessada uma pedra. Um estímulo produz uma reacção imediata, mas incerta. É a pedra de roseta que proporciona uma visão da energia contida naquele corpo. Por ele sei como se arrepiará pele, o odor que será emanado resultado das alterações metabólicas de um organismo em ebulição, escutarei indecifráveis sons que traduzem significados de despudor genuíno, exaltarei na minha boca sabores divinos, observarei contracções musculares e espasmos que confluem num bailado harmonioso. Apenas um Big Bang em tubo de ensaio...
Percurso alucinado, conseguido através de corridas apressadas, para logo voltar atrás em passo contemplativo, alheio à abstracção. Orelhas, olhos, queixo, boca, maças do rosto, frontes... Cada qual encerra um segredo, cada qual possui uma senha que abre portas para um mundo de sensações, em que um Abre-te Sésamo é tão provável de resultar como ganhar o Euromilhões sem ter jogado. Têm de ser superadas todas as portas, sem ordem definida para atingir um estado de comunhão e sintonia únicos. A humidade dos lábios entreabertos, as formas únicas do lóbulo das orelhas, a suavidade das pálpebras...
Chegado aqui, resigno-me e rendo-me ao evidente – não me consigo abstrair do destino. Este exercício infrutífero de fazer caber um mundo de emoções numa amálgama de frases e palavras, esgota-me em frustração. Sou assaltado por imagens do passado e aturdido pelo voluntarismo dos sentidos em seguir o desejo, deixando-me órfão da vontade. Não posso ousar traduzir a cascata de sensações, a torrente de lava em que o desprimor das palavras trai o mais básico. Não desejo cartografar o Novo Mundo, não desejo acrescentá-lo ao mundo conhecido, desejo tomá-lo, possui-lo em todo o seu potencial, em toda a sua beleza, em todo o seu vigor, resgatando tudo o que tem para me oferecer e desejando que me abrace e me permita fundir com ele, para que juntos sejamos ainda mais belos e únicos, para que juntos sejamos capazes de trazer novos mundos ao NOSSO MUNDO...
Até lá, navego solitário na minha caravela, orientando-me pelas estrelas, pelo vento, pelas aves, seguindo mapas medievais traçados pelas minhas experiências. Evito ilhas de ninfas, evito terras de oportunismo... Tenho mantimentos para bastante tempo, não tenho de atracar. Saberei quando chegar, saberei... Até lá...
Nageva solitário na tua caravela até saberes quando deves atracar num porto...mas não te percas nessa luta para evitar certas ilhas e terras porque é impossível nagevar para sempre. Não sejas um náufrago dentro de ti mesmo, se não verás o mundo desfocado e não serás capaz de reconhecer que chegaste. Vai e continua, deixa a caravela navegar, sem parar em alto mar ;-)
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