quinta-feira, 30 de julho de 2015

Sensação espontânea

Se não estou chateado com o mundo, porque se comporta ele como se estivesse chateado comigo? Faltas de reciprocidade no desengano de sensações partilhas. Para que me importo, porque tolero, porque modelo? Mas eu sei lá...
 
Não posso fazer com que façam com que sinta um pouco melhor do que mereço, mas não devo permitir que me sinta pior só porque sim. Só porque sim...

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Sombra

A tristeza é solidão, a alegria traz luz
A luz projeta-se e surge a companhia
Reflexo de fisionomia ou suspiro da alma
Assim surge a cúmplice sombra.

Fiel e desmaquilhado retrato 
Manifestação de pura essência
Não tem expressão é tábua rasa;
Novas oportunidades surgem
De fazer o que não foi feito
De sentir o que não foi sentido.

O espelho cede ao capricho da persuasão
Na sombra não há ilusionismo descabidos
Ambos se movimentam, só um olha
Os dois olham, um não se vê o outro julga.

A luz apaga-se, a companhia desvanecesse
A cumplicidade subjuga-se
Da letargia surge a solidão e
Surge o sentir, o não sentir.

In Letras do Olhar

Intensa inquietação

Estranha inquietação, ora preenchido, ora apavorado pelo que desejo, pelo que descubro, pelo que decifro.
 
Demasiadas sintonias certamente disfarçadas em desejos há muito esquecidos, mas cujas sensações despontam numa realidade absurda.
 
Não há escudo que proteja pois é de dentro que surgem os estímulos. Para quê lutar, para quê debater?
 
Não há equilíbrio, certamente pelas certezas anteriores afinal não o serem. Na subida ganha velocidade e na descida abranda. No gelo surge o calor, no sol o frio toma lugar. Antagonismos nas incertezas e dúvidas, disfarçados por parvos pensamentos que surgem dos incautos sentimentos.
 
Quero sentir-me como sinto! A incerteza porém, a consciência da curta margem de erro, o pavor da perda, a agonia das possibilidades... demasiado talvez, mas tudo neste momento e é neste momento que quero estar, que preciso de estar, que tenho de estar...

In Letras do Olhar

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Simples detalhe

Horas infindáveis, espaços de tempo desvanecidos em rotinas sincronizadas de miragens de perceção. Engano-me e o engano trás o conforto do conhecido e da redução de estímulos, para acolher a tão desejada tranquilidade.
 
Mas, sempre o mas... Mas o devaneio invertido perde-se pela metade, falta algo, falta um estímulo. Os estímulos reduzidos criam apenas a necessidade do que falta. Falta o detalhe, falta a ausência do presente, pois o que há não devia ser.
 
Eis que ele me surge, numa tarefa de precaver o pior, o espaço ele mesmo, não o tempo. Esse espaço é ocupado por algo, por alguma coisa, que não cabe lá. Simplesmente na rotina existia noutro lado. Agora, e agora estou fascinado. O olhar escapa-se, sempre no encontro da nova coisa no espaço agora preenchido.
 
Significado?! Não faz qualquer sentido, mas está tudo aqui e sorrio. Estranho equilíbrio, tranquilidade extraordinária, encanto tamanho. Pena ser só um ínfimo tempo num minúsculo espaço, numa fração maior destas dimensões em que a abstração é o único garante de sanidade...

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Busca incessante

Não posso fazer com que me ames, mas incapacita-me o receio de o tentar.
Por onde andas não sei, mas sei que existes e nada toma a sua real dimensão se não te encontrar.
Pior que não te encontrar é passar por ti e não te reconhecer, aí como saberei se realmente existo.
Acumulo por estes dias sensações nada novas, mas com estranha energia e intolerância.
Sinto-me como se não existisses, tomado pelo vazio de te procurar em toda a gente.
Nada toma a sua devida dimensão e num sussurro fecho os olhos desejando ser encontrado...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Partir

Ver-te partir! Doce agonia na imperfeição de um ato perpetuado em demasiadas repetições. Partes porque te pedi, partes porque este não é o tempo, nem o local. E a pessoa, serei eu essa pessoa?

Mas que importa se sou eu ou não a pessoa?! E tu, és tu a Pessoa? Não és pois não? Não me posso enganar novamente.

O frio pela ausência de todas as coisas que antes me assustaram e agora me atormentam por nada mais serem que silêncio.

Sinto medo do que busco e o que encontro assusta-me ainda mais. Impercetível ironia que pouco me diz e muito me destrói, no que me faz sentir.

Nenhum lado a que pertencer, ninguém para amar, propósito algum para abraçar. Verdadeiramente à deriva num palco de sombras que persigo como se das cores mais brilhantes se tratassem.

És mais uma sombra e ao ver-te afastar, ao ver-te partir estou certo que se num derradeiro gesto esticar a mão para te agarrar, nada mais sentirei nas mãos que os dedos a tocarem-se, pois a minha inquietação não tem forma.

Entre linhas deambulo tentando capturar esta inquietação, mas estas palavras desprovidas de sentido e alma, são mais uma sombra que se recusa sair. Peço-te por favor sai, por favor parte...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Palavra do ano

Palavra do ano, não deste, não do que me encontro, mas do que passou. Passado não presente, sempre passado. Futuro existe apenas para me recordar que nunca o vou conseguir e quem o diz?! O passado o diz.
 
Digo eu agora, palavra do ano: relaxar! Achava eu, mas ocorre-me que precisar merece a legitimidade do título. Sim precisar, eu preciso! Relaxar igual a ação, precisar igual a perceção. Agir em vez de sentir. Sinto sempre e não ajo.
 
Precisar por quê? Do que preciso afinal? Preciso que seja aquilo que me force a ser o que serei. Mistura de tempos, passado, presente e futuro; mescla de sentir e agir.
 
Não me consolo e diria o que já disse: a vida é um despropósito de razões, perante a insignificância de momentos aleatórios!
 
Não preciso dizer a palavra do presente e essa é a melhor ação, a única ação que me permito...