sexta-feira, 10 de abril de 2009

Recortes de sentimento



Sou a moeda que levas no bolso. Segues o caminho com a mão jogando-me alegremente contra outras moedas que infortunamente partilham esse espaço... As notas, essas transportas bem arrumadinhas na carteira, porque é delas o valor, julgas tu.

Transfiguras o valor da nota e inseres num qualquer bolso; infortúnio calonioso! Lavas as calças, moeda e nota abraçam o mesmo fado, mas sentem-no de forma diferente. A nota lamentas-te, apregoas as pragas do Egipto mas mais não te resta do que aceitar que é apenas papel amarratudo e molhado, o valor que tinha já não tem, então que valor é esse?!
A moeda essa está lá igualzinha, o mesmo sem valor, mas com valor. Com ela pagas um café, sentes o sabor meritório da estimulação da cafeína e partes num percurso, jogando uma contra a outra, a outra contra todas e juntos vamos, até que um furo deliberado pelo destino, nos liberta da guilhotina.
Alguém encontrará a moeda do chão, alguém achará que vale o valor, alguém a limpará e se recordará dela quando sentir que com ela tem o gosto que agora sente na boca...
Sentimentos recortados de uma noite diferente das outras e de em tudo igual.

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