Desisto de perscrutar a minha mente, sei que percorri este percurso para quê então gastar as solas da memória?! Sento-me na beira do caminho, descanso as pernas que são as emoções e baixo os braços feitos vontade. A forma da pegada coincide ao milímetro com o meu pé, pé descalço, que a mente não se veste, não se calça. Já cá estive, pisei demasiadamente, não tenho de pisar novamente, basta que me sente, sinta e veja o rasto das pegadas que me antecede, no sentido da linha que distingue o último passo que julgo ter tomado, e aquele que desejo tomar. É isto que senti, é isto que agora vejo:
Mergulhei de cabeça. Senti o meu corpo gelar e o meu espírito efervescer. Conflito de sensações, desorientação de sentidos. Egoísmo misturado com fragilidade.
Não me apetece falar, mas apetece que me ouçam. A percepção de idealismo reside no meio, simplicidade constante apenas nos refúgios que nos acolhem. Não estou por convite, estou por encarceramento. O guarda e o encarcerado são um e um só, EU.
Afinal falo mesmo, afinal não me ouvem. Precisarei mesmo que me ouçam? Tanto me faz. A civilização, as multidões estão aqui, eu estou bem lá longe, figura indistinta distorcida por ondas de calor num horizonte que me parece transportar para aqui, quando no fundo caminho para longe. Só espero não deparar com outra multidão.
O risco de explodir é menor que o de implodir. Num esgar de consciência sinto um grito crescer na garganta. Espero o terramoto de emoções tal qual se espera o estrondo após o relâmpago. Pode tardar mas surgirá e por muito preparado que estejamos, o grito da alma não será contido, porque a surpresa não é tudo.
Mas estou bem. Não sinto o mar, mas sinto a sua energia. Não sinto o vento, mas sinto a sua carícia, não sinto o solo a desaparecer rapidamente debaixo dos meus pés, mas elevo-me no ar...
Pelo menos sou livre, pelo menos...
WELLCOME TO MY WORLD, PLEASE DON'T CROSS THE LINE
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