Retrato bem conseguido da mais lírica devoção de uma mulher ao seu ente mais querido, desempenhando um papel que sabia lhe caber desde o dia que entrou de branco na Igreja.
Marca uma intemporalidade que deixou de existir na realidade quotidiana. Existem sim os sentimentos, a perda, esmagamento da simplicidade da morte exposta aos rigores dos rituais, da educação e de um amor que não encontra significados nos dicionários actuais.
Dá ainda uma perspectiva única da dor sentida por os outros, quando mais não é que um fardo. Tem um final que encerra uma lição essencial, a minha lição. Gostaría de dizer que sinto que a mensagem é que a vida prevalece perante a morte, mas a minha mensagem encriptada é que morro e a vida prossegue para além de mim. Não me assusta, porque morrer não é uma consequência mas uma etapa.
Adoro os espaços, a luz difusa absorvida pelas cores amorfas, a recatez das palavras pronunciadas a um ritmo de envergonhar, a vagarosidade dos movimentos.
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