terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Arca do Tesouro VII

Um poeta, um só livro, uma obra, uma vida... Estes poemas organizados pós morte do seu autor encerram para mim um sentido único, as origens de um poeta. Pela inquietação, pelas buscas das técnicas e pela crítica que cada mudança de direcção que a escrita tomava, mostram um percurso de crescimento de um poeta.

Curiosamente fica patente que quando Cesário tenta causar impacto na sociedade literária da época é quando a escrita menos fascina e fica mais amorfa entre convencionalismos ditados pelas correntes. Libertando-se deste celeuma de desejo de se notoriar, a sua alma é enorme havendo lugar ao racionalismo da profissão herdada, com a paixão e beleza do mundo rural. Há ardor sem dúvida nas descrições, há chama de vida e presença de morte.

Toca-me imenso a mensagem e a devoção do amigo que publica o livro a título póstumo. Possa a morte levar-me e surja um amigo que reuna algo que assemelhe a uma obra e o publique, porque assim não terei fracassado.

A morte roubou o homem mas fez nascer o poeta, porque partiu na exacta altura em que se imortalizou pela obra...

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