Preciso mesmo expurgar, sinto-me de alma pesada e um peso que não me liberta, mas sim condena a sentimentos de frustação e vulnerabilidade. Talvez por precisar de escrever não o faço. O presente é proibido mas o passado está bem presente. As palavras eram minhas a imagem passou a ser, o sentimento o mesmo em ambas, no passado e no presente, o futuro não quero pensar.
Alvorada dos Sentidos:
Tranco a porta, como centenas de vezes. Descalço-me, pouso telemoveis na mesa, deito-me no sofá. Em tudo igual, em tudo diferente, o sofá não me liberta, é imensa a sua força, ou será imenso o peso que transporto?!
Aconchegado nos ouvidos por uma recente descoberta, Two Spot Gobi brinda-me com um espelho das minhas emoções, “No More”! Não sei como, surjo na varanda. Contemplo primeiro as estrelas que são poucas e pouco brilhantes, tal como as pessoas que antevejo entre paredes, à medida que o meu pescoço traça um sentido descendente.
Dou por mim a imaginar a quantidade de pessoas nas casas que avisto. O que fazem, o que dizem, meras rotinas, tristes, alegres, cansadas, a fazer amor, a discutir... O exercício seguinte é lógico, e multiplico as emoções do que me circunda, a um número que para mim serão todos os lares. Haverá alguém no mesmo comprimento de onda que eu?! Certamente que sim...
O conforto da certeza matemática de poder partilhar esta alvorada de sentidos é depressa ultrapassada pelo ultrajante sentimento de me sentir mais um, ou um mais... What’s wrong with me?
A resposta surgiu de alguém de um passado presente e espero de um futuro próximo. O diagnóstico pronto e simples, o prognóstico o mais optimista possível da parte do profeta mas não da parte do “deus”. Estranhamente íntimo, estranhamente lógico, estranhamente meu. Fez todo o sentido, trouxe todo o significado, trouxe uma justificação, até mesmo uma desculpa. Mais fácil viver com a desculpa, do que com a culpa.
Sim sou eu! Sim sou especial e ao mesmo tempo familiar... Surge-me como um raio e eis que encontro, as mesmas palavras, o mesmo diagnóstico, uma outra pessoa:
“(...)aliviado por mais uma vez ter escapado à ameaça iminente da intimidade humana, da amizade, e de toda a confusa carga emocional que as acompanha. (...) tinha fugido aos limites cláustrofóbicos, desaparecendo das suas vidas antes que esperassem alguma coisa dele.”
Alma matter talvez, apenas coincidência numa perspectiva mais pessimista, no entanto sinto a mesma atracção pelo abismo.
Afinal existe uma casa no mundo, uma pessoa, que faz exactamente o mesmo que eu. Não importa o que sente, importa que se questione da mesma forma. Sigo o meu caminho e Chris estão bem visiveis as tuas pegadas...
BEM ACHO QUE DESCREVES UM POUCO DO TEU SER...DA VIDA QUE NOS RODEIA...TAO POUCO PRA TE DIZER...QUE DÁ MTO QUE PENSAR...AS MINHAS PALAVRAS TRANSBORDAM EM PEQUENAS LETRINHAS....
ResponderEliminarADOREI...