domingo, 13 de dezembro de 2009

Despedida

Lágrimas, sorrisos, alívio, sentimento de perda, felicidade... tudo ingredientes de um momento sempre muito intenso na existência humana, a despedida. Muitas foram as despedidas, fossem locais, pessoas, animais. Sempre as soube assimilir, integro num coágulo na minha mente, no meu organismo, no meu ser. Isolo-os, corto cada nervo ao meu sistema nervoso e assim que não me causar qualquer impulso espásmico, os coágulos são expelidos sem qualquer ponte sináptica.

Porque não o consigo fazer? Porque não me sai a carta de despedida? Penso que não passou tempo suficiente mas algo me diz que não é essa a justificação. Sinto ainda à minha volta aquela voz que me faz estremecer como o mais gelado sopro de vento no Inverno; sinto ainda o olhar que me aquece a pele como o mais quente raio de sol de Verão. Frio, calor, Verão, Inverno, oposições que se reunem numa encruzilhada, que não me deixa partir, quanto mais despedir...

Prescruto nas minhas "memórias" e entre "algumas" das despedidas que me fizeram encontrei uma que me diz imenso. É com esperança que a releio, pois o frio e o calor caminharam para uma temperatura amena e o Inverno e Verão encontraram-se na Primavera.

"Vou ficar no meu canto, canto esse que não devia ter saído. Tudo aconteceu de forma inesperada, não esperava começar a sentir por ti o que acabei por sentir. E foram poucas as hipóteses que tivemos...apercebi-me que não há espaço para mim no teu mundo, de alguma forma.

Negaste alguma hipótese de deixares que isso acontecesse ou até que não acontecesse. Mas posso dizer que se na altura achaste que me podias ajudar, SIM, posso dizer que aprendi o que tinha para aprender, que foste uma grande ajuda para sair do estado destroçado que me encontrava. Se por algum motivo sentiste que era essa a tua missão, posso dizer que a missão foi cumprida. E se o que podemos tirar desta história for isso, não há nada que tenha falhado.

O sorriso sincero, o bem estar com nós próprios são peças fundamentais no puzzle da vida. E com essas peças que me ajudaste a saber onde as encontrar, onde as colocar, quando estas estavam perdidas não sei onde, para completar uma parte do puzzle. O puzzle não está todo completo, mas também será que vamos chegar ao fim da vida e sentir que não haviam mais peças para colocar no sítio!?!

A desculpa de não fazer sofrer, NÃO (não tentaste) A verdade, SEMPRE, mesmo que por vezes doa. Mas continuo a pensar e repensar...se não estás disponível porque simplesmente não queres nínguém, se existe alguém que mexe contigo, histórias mal resolvidas que te atormentam, ou porque simplesmente não faço o teu género, não sei.

Podiamos ter evitado algumas coisas, e tu sabes ao que me refiro. E com isto não me estou a arrepender, achar culpados ou inocentes. E também não vou pensar que agiste da forma do "mundo dos Homens", entendes...acho que foi algo mais. Mas depois fechaste todas as portas, as janelas para uma possível entrada numa vida que nem eu nem tu vamos conseguir ver como seria. Dei alguns passos, passos esses gigantescos, mas agora vou me limitar aos passos que posso dar. E com isto não estou a dizer que regredi, continuarão a ser gigantescos, mas noutra direcção, com o seu devido tempo, na altura certa, no espaço que terei de percorrer e vou percorrer.

Obrigada por me teres ajudado a ver as coisas de outra forma, por me teres tirado do casulo.

Queria ter te conhecido melhor, ter passado mais tempo contigo, e tudo de uma forma gradual, lenta. Surgiram momentos precipitados, passos maiores que as pernas (será que foi a facilidade?). Vi em ti uma pessoa cheia de qualidades, virtudes, afectos, inteligência, ideias determinadas, mas no entanto muito individualista, independente, vives muito no teu mundo.

Amigos como antes, ou melhor amigos recentes, ou até mais precisamente amigos do ecrã."

Ponte em Wroclaw (Polónia), onde cadeados selam  a união entre duas pessoas, numa ponte que junta margens. Simbolismo único que muito me diz...

1 comentário:

  1. Todos nós temos uma ponte como a de Wroclaw, pelo menos temos os cadeados que selam as uniões que temos com as nossas pessoas.
    Todos buscam, mais cedo ou mais tarde uma união especial a uma única pessoa.Todos somos especiais, pelo menos, aos olhos de determinadas pessoas.
    Todos conseguimos o que queremos se soubermos verdadeiramente o que queremos.
    Acho que esse é o problema, queremos demais, nunca aquietamos a nossa mente, nem o nosso coração. O problema está em quem vê, não em quem é visto. Quando soubermos o que queremos vamos ser capazes de o ver!

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