Momentos de egoísmo, um bom vinho. Espera, acrescenta uma tábua de queijo... Música clássica e poesia, o casamento perfeito, em puros momentos de partilha egoísta entre mim e eles, eles os sentidos. Ambos prazeres tardios, mas que despertaram juntos e no exacto momento que me permite apreciar devidamente.
Ainda agora gatinho e já a minha mente é transportada a visitar sensações desconhecidas. Apenas as percepciona, ainda não as interpreta. O que fará quando caminhar...
Gatinho agora, mas já sonhava ter gatinhado, quando sonhar era gatinhar. Cada crescer, cada explosão, cada estremecer, cada grito, cada arrepio com que os meus sentidos correspondiam a um maestro que não via, mas que me guiava, indicavam que havia algo. Juntei pequenas pecinhas, construí um puzzle e confirmei. Ouvia quando não tinha idade para caminhar. Acalmava-me disseram-me. De irriquieto passava a um transe profundo, corpo rígido e olhos sem alma...
É épico, não ouço o homem ouço sim a natureza. Cruzo montanhas, atravesso desertos, mergulho em mares e rios. Os ouvidos são os anfitriões. Os tambores são trovoada, as cordas água e vento, as flautas as vozes indecifráveis dos seres vivos, os pianos o fogo... E deixo-me levar, nesta palete de sons...
TCHAIKOVSKY em vinil fazia os meus encantos e no meu cérebro menos infantil e mais infame, antevia o prazer que me traria cada reacção da agulha a beijar cada rugosidade do 12". O meu vinho enebriante...
Para mais um desses momentos sugiro debussy claire de lunes (acho que é assim que se escreve)! Dawn de Dário Marianelli! Bom proveito, adoro queijo, detesto vinho ... :)
ResponderEliminarTchaikovsky é romântico não é clássico , o título deste texto devia ser música erudita, comummente se comete este erro e se denomina de clássica a música erudita, mas como existe um período clássico que antecede o romântico não parece muito correcto esse termo. bj
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