quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Esponja de Sentimentos

Pensamentos bem presentes quando os sentimentos não chegam do passado ao presente, porque a porta da sobrevivência disfarçada de egoísmo bloqueia...

Há várias ideologias que mantenho bem presentes na mente, para me permitir abrigar numa ilha de reconforto, quando tudo o que sinto é oposto à serenidade pela qual em agarro de unhas e dentes.

Dissabores afectivos; "A boa notícia e a má notícia, são a mesma e uma só!" Todo o ser humano gosta de se ver como actor principal desta peça maior que é a humanidade, quando afinal "foste tu, sempre tu e nunca eu", seja o tu, o todo como indivíduo ou o indivíduo como o todo.

Serão as lágrima e as gargalhadas de Platão?! Não precisarei com exactidão, mas todos os dias e em todos os recantos alguém repete estes sentimentos e jura estar a sufocar de tamanha dor. Os sentimentos não são inventados, são distribuídos e transmitidos infinitivamente. Custa descer do altar em que nos colocarmos e atingirmos a percepção que afinal não somos tão especiais e que muitos outros passaram, passam e passarão pelo mesmo e não é que sobrevivem?!

A curiosidade pela mente humana e os processos por detrás do observável, desperta em mim uma mórbida necessidade de ajudar, com camuflagem de altruísmo. O final: e todos viveram felizes para sempre, é uma consequência e não um fim. É como um neuro-cirurgião que opera o cérebro dos seus pacientes em estado de vigília. Pois bem, é uma oportunidade única de observar o ser humano, em toda a sua fragilidade, em toda a sua dimensão, em todo o seu dinamismo, em toda a sua pequenez... Ali, expostos, nús, não será esta a maior prova de confiança?

Sempre vivi, talvez por o acaso, ou talvez por necessidade, rodeado de provas de confiança. É enriquecedor, é único e cria relações de intimidade e cumplicidade extremas que perduram para as habituais fronteiras espaciais e temporais à escala do ser humano. Contudo é tão desgastante. Uma esponja, em toda a sua função, é como me sinto por vezes. Passo, lavo, e transporto comigo parte da angústia, dando lugar a um surpreendente conforto na pessoa. Observo tudo isto com fascínio, quando tudo o que bastou foi escutar, provocar sorrisos, forçar a lágrima quando se imponha, proferir simples palavras e selar tudo com um abraço, que se estranha, se aceita e se deseja como oxigénio para alguém que se afoga.

Ela está lá, parece não ter formas e contornos de ser vivo. O mais fácil de explicar a uma criança é que é made in china, mas não... É, ou foi, um ser vivo e não uma planta, mas sim um animal. Se me baterem doi-me, se me magoarem choro, sei o que é alegria e atravesso o mesmo deserto de desespero humano. A esponja tem um limite, não absorve sem fim. Esta esponja só pede que não lhe fechem todas as saídas, não me cerquem, deixem-me aqueles espaço de fuga para um refúgio só meu... Prometo voltar e simplesmente estar presente para os vossos votos de confiança!

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