segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Início de um diário

O sorriso é sempre o mesmo, quando um livro amolga vigorosamente a resma de papeis inúteis que enche a minha caixa de correio e esvazia um entusiasmo ridículo de encontrar algo mais que publicidade ou contas. A minha dealer, a minha fada dos livros, deixa o meu tesourinho e sempre, mas sempre, deixa um bilhetinho com palavras simples, porque simples é a chave que abre a alegria ansiada.

Desta vez será diferente e o gesto de devolução na caixa de correio da vizinha, levará não só o livro como uma visão para além da porta que se abriu. Linha por linha, página por página, proponho-te este diário a dois, num egoísmo que é só meu porque não pedes nada, nunca o fazes, apenas dás. O caderninho será o álbum de fotografias que encetei, quer queiras quer não estás na viagem...Viajo, sem esperas em check in's, sem jet lag, sem dispender dinheiro e trago muito mais que fotos e sensações de efemeridade. É esta a viagem que te descreverei.

O livro que terá o prazer de abrir este diário, merece a honra porque enorme foi o prazer que me oferendou. Começando pelo livro material, extremamente gasto, folhas amareladas, amarrotado, de textura macia de centenas de dedos que as tocaram, por vezes numa fúria incessante por devorar página sobre página tentando descobrir o que acontecerá, outras vezes vagarosamente sorvendo cada estímulo e prazer do que retira.
O livro, o autor, Paulo Coelho, O Alquimista, a ordem errada a fórmula certa. Este autor há muito deixou de pertencer à minha escolha. Não porque não goste, mas porque rock stars não podem ser bons escritores, nem o inverso. Preconceito talvez, mas não o impinjo, é apenas meu. Sempre numa toada espírita com a qual me revejo, tenta encontrar significados para ânsias "auto-humanas", seguindo uma linha de auto ajuda, retirando qualquer significado.

Lenda Pessoal... Entendo que este livro é o significado, o alicerce, o big bang, a molécula, de toda a obra do autor. Uma obra e tanto, que necessita a reflexão individual, para uma percepção múltipla e humana. A minha é minha...


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