"Sabes alguma coisa de filosofia? Podes dar-me explicações?" Foi este o ponto de partida para uma longa viagem nos confins do meu quase subconsciente.
Pelas minhas contas estava a sair da minha sexta hora de surf no fim-de-semana. Foi extenuante, desgastante, mas imensamente compensador a todos os níveis. Um sentido de rendição física e mental à força dos elementos, do mar, da água, do ar que pesa a sair dos pulmões, da gravidade que nos cola ao chão e torna o simples acto de levantar um pé após o outro, uma manobra similar aos passos do Armstrong na lua. Vindo do nada, o miudo dispara estas questões e ainda para mais na minha direcção.
Teve o mérito não de me trazer à realidade, mas de me lançar numa torrente de pensamentos. imediatamente uma imagem se compôs na minha mente. Escuridão, humidade, gemidos humanos, sons horrendos, ou talvez apenas trevas.
A percepção que temos, que tenho, é uma visão distorcida da realidade. Distorcida pelo que nós fomos, pelo que somos, por quem e pelo que nos rodeia. Assim sendo cada qual deveria ter a sua visão única, impossível de contrapor com todos os seres com que nos cruzamos. Sinfonia visual de figuras imperceptíveis.
Haja alguém que esfregue os olhos, se levante e enfrente a luz de frente. Com ela chegará a forma genuína, os contornos físicos... Se não for partilhada na coragem, será uma clarividência isolada que nada mais significará que qualquer uma das outras visões.
Se Platão e Decartes, por intercessão divina se encontrassem, diria o último: "Não existem métodos fáceis para resolver problemas difíceis!"
Ainda nem cheguei à fase de perceber quais os meus problemas, o meu demónio enganador não me permite...
"Não puto, não percebo patavina de filosofia. Fala-me é daquela esquerda que entrou e partiu o coco aos avec's armados em burros..."
Há coisas que só devem ser partilhadas no escuro da nossa solidão!
P.S.: Agora teria respondido: "Puto lê o livro O Mundo de Sofia."
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