Como eu gostava de ser poeta... assim começa um poema de Manuel Quintella e Sousa!
Tropecei neste livro e achei que precisava de o ler. O livro esse, "Dias sem Sol", é muito mais que isso. É a alma de alguém. Por ele sei que o poeta ficou orfão ao 5º dia, quando Deus só descansou ao 7º. Sei que, perdeu a rosa com quem se entrelaçava ao vento, com quem fazia amor metafisicamente, por quem deseja todos os dias que a morte o leve para junto, a quem a cama é o mesmo que uma campa, tamanho é a solidão e a frieza.
Sinto invandir a vida deste indivíduo, como se o futuro estivesse retido no presente que já é passado. Página a página, poema a poema, palavra a palavra, sentimento a sentimento, sensações familiares, medos únicos, ansiedades muito minhas. A alma roubada é a minha afinal.
Quem me dera ser poeta e mandar aos 4 ventos o que me corroi internamente e com isso conquistar a paz que teima em me atormentar.
Empreste-me o poeta a alma e diria por palavras que não são minhas, mas que possuiria por próprias:
in Dias sem Sol, "Sinto-me Só"
"Sinto-me só, abandonado,
Como aquele que perdeu o autocarro,
Sinto-me como o mendigo
Que escolheu o local errado,
Sinto frio, vindo de dentro,
Sinto aquela mão,
Que não me dá alimento,
Sinto que vivo, por viver,
Sinto que vejo, só por ver!
Sinto que sou o palhaço
Sem circo, sem público,
Sinto que me esgoto,
Que me gasto,
Sinto que só falo
Quando estou só,
Sinto que me vejo
E até a mim meto dó,
Sinto que sinto
O que já não sinto,
Sinto que já estou por tudo,
Sinto que falo
Só porque não sou mudo
Sinto isso tudo,
Mas matem-me, ao menos,
Porque não quero estar só
no Mundo!"
Manuel Quintella e Sousa, com a tua alma entendo melhor o que dentro de mim transporto e por isso o meu muito obrigado, ao poeta, ao filho, ao amante, mas acima de tudo ao homem...
Obrigada. COnheço o poeta e sei que ele ficará feliz com estas palavras.
ResponderEliminarCara Pat quebro uma regra minha porque como uma criança que comete uma malandrice inofensiva e é apanhada, apanhado me senti... O "Manel" ajuda-me a sentir o que gosto de designar: escrever é falar com as palavras. E eu lá fiquei a escutar deliciado a conversa dele com as palavras!
ResponderEliminar