
Morri, descobri que morri, descobri que morri de uma maneira que só hoje é possível. Perdi direito à vida quando me mataram no seu mundo, morri quando me deletaram das redes sociais. Deixei de pertencer a essa vida virtual, mataste-me, morri para ti...
Tudo é um parênteses quando não vemos the main picture; tudo são suspiros roubados a uma respiração em contínuo, breves instantes numa escala intemporal. Este parênteses começa pelo fim e termina no início, tendo as personagens permanecido na posição original. Quem mata dá à luz, quem deveria dar à luz mata. Afirmação descabida e simultaneamente paradoxal, simetrias num espelho, tal como o parênteses, repetem-se, complementam-se igualam-se mas em sentidos opostos.
O fim que é início abriu caminho. O início que encerrará ainda não encontrou o sem tempo, seja relatado o que existe no entretanto. Ambiguidades comportamentais e sentimentais, coroar de emoções no oposto do bem estar alheio...
Noite mal passada, não só pela consciência das dores, mas pela impotência de controlar o destino. O tronco é transportado no rio e no final está a serração; as horas passam e acordando vou trabalhar.
Agonia, tonturas, fraqueza, corrosão interna, tremores... Poderia ser uma qualquer causa de mal estar mental, mas é realmente físico e tem insentido na toxicação alimentar (porque não pode o in ser onde quero?!).
Um culminar de um processo que demorou um mês, habilmente planeado, orquestrado e executado dá o desenlace exacto que projectara à distância que o tempo me afastava, da realidade entretanto se encarregou de realizar. Um dos maiores êxitos profissionais quase ficava marcado a sangue de um mero outstander. Não terminou em tragédia, o sucesso foi garantido, que importa sacrificar um peão se o jogo é ganho?!
Não se insere, mas será que tudo o resto se insere entre parênteses?! Injecção com toxinas, soluções salinas, e corte da jugular. É impossível, não tinha movimento respiratório à auscultação, reacção da pupila. Lázaro o seu nome?! Certamente não porque cavalo não tem nome assim, mas supostamente morto, em espasmos dá sinais de vida num enterro que não conhece terra mas lixo, em que o coveiro não tem uma pá mas uma enorme máquina e que em vez de se mostrar insensível foge horrorizado. Sim horror é a melhor palavra para descrever este parágrafo, e daí talvez o anterior também.
No horror nasci, nasci depois de estar morto. Quem me matou deu-me vida, quem me fez nascer para além das virtualidades também lá estava. Tal como da primeira vez sinto o desconhecido, o frio, eclodem-me os gritos e as lágrimas. Antes morto daquela maneira que vivo desta forma. Exposto às mais bizarras peripécias de incrédulo realismo.
Porque me deste vida se antes me tinhas matado? Porquê tudo isto? Merecerei? Se tu não me respondes quem me responde, se eu não encontro a resposta?
Fecha-se o parênteses...
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