
Impõe-se uma imagem, preciso de um distanciamento imaterial para ter uma noção precisa dos contornos absolutos do que estou a sentir. O sentido é descendente, sufoco agonizante, similaridades com o momento de parecer às mãos de uma titã devastadora, quando é de nascimento que procuro um esboço do que fui e para onde quero ir, esquecendo onde estou.
A minha pele sente o toque gélido da temperatura, os ouvidos são invadidos por sons sem distorção, os meus olhos ofuscam-se com o brilho intenso, a boca não sabe o que fazer com a liberdade, o nariz timidamente decifra a esterilidade do novo ambiente. Com dor, com sangue, com suor, se soltam as lágrimas e os gritos. É de nascimento que eu falo; é a moldura que escolho quando me projecto no vazio e na segurança do lugar de espectador, distorço o retrato que teimosamente deslumbra um cenário de morte; mas é de nascimento que eu falo.
No percurso debato-me no lugar de espectador, pois inesperadamente a segurança é apenas aparente. O esforço de reconcialização com o quadro que escolhi ver, gera um passivo de emoções. Retraio-me, prostrando-me aos movimentos inatos dos meus sentidos. A lentidão insana desta letargia, arremessa-me num desespero arrepilante.
Nada parece ajudar-me a fazer frente a esta força que me suga numa espiral que não parece conhecer um fundo. Eis que, uma lufada de esperança abala os meus sentidos. A compreensão, o carinho, o respeito, amizade, o amor, chegam a mim em doses desequilibradas às necessidades, não necessariamente por escassez.
Os amigos, o meu cordão umbilical. Moeda a moeda, acumulei uma fortuna. Obriga a retórica a falar em figura monetária, quando o título precede o assunto, mas de valores só amizade é aqui julgada.
As emoções brotam desgovernadamente, água que apaga o fogo, alimento que mata a fome, calor que derrete o gelo.... De novo no lugar do espectador vos agradeço, a brevidade do momento só me permite dizer OBRIGADO e num ápice o turbilhão me leva.
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