quarta-feira, 2 de julho de 2014

Escalar o Mundo

Pedra ante pedra se ergue o pedestal. Pedestal este destituído da cor, abraçado pelo cinzento, buscando o beijo do azul.

O mundo aos pés, escalado pela força dos braços. A mente essa, perscruta o horizonte, olhar descaído no receio das alturas e a respiração ofegante beijando o ar que penetra as narinas, sufocando o pânico que ameaça apoderar-se.
 
O poder da grandeza rapidamente sucumbe ao desespero avassalador da solidão. Solidão essa que abraça por todos os lados, sem mostrar rosto, sem aquecer com o toque, mas sussurrando ao ouvido o silêncio que gela a mente e estremece o âmago mais íntimo.
 
A escalada iludiu com a sobranceria sobre o mundo abaixo prostrado. O mundo deixa-se escalar apenas para mostrar o devido lugar das coisas. Ele lá em cima entende agora o seu lugar e vendo-se não mais que uma coisa, pé ante pé, precipita-se no salto que lhe trará o fim da solidão.
 
Ao menos os pés não fossem pedras...

 
In Letras do Olhar 21/03/2014

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