Desassossego que me apodera
Inquietude com que me aprisiono
Nada que eu quisera.
Sim quero, sim questiono.
Solte-se a lágrima
Aprisione-se o sorriso,
Tragam outra vítima
Para bem do meu juízo.
Fere a crueldade
Que abraça a dor tirana,
Agonizante é a verdade
Obscura e soberana.
Sem ternura cuspo estes espinhos que me rasgam coração e alma!
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Refúgio
Triste, tão triste. Só, tão só. Vazio, tão vazio... E nem sequer melancolia é!
A quem confiar? A quem desabafar? Quem procurar? Sinto não existir, sinto não ter, sinto tristeza, solidão, vazio.
As lágrimas irrompem-me pelos olhos num fluir que não leva a nada nem a ninguém. Ninguém lá está que com a confiança e a gentileza de um gesto, seque as lágrimas e gentilmente me acaricie na bondade de um abraço protetor.
Preencho a solidão com o isolamento e a tristeza com melancolia. E assim se ergue uma e outra vez; assim toma forma o refúgio.
Refúgio para ser quem sou, sem ser o que sou.
A quem confiar? A quem desabafar? Quem procurar? Sinto não existir, sinto não ter, sinto tristeza, solidão, vazio.
As lágrimas irrompem-me pelos olhos num fluir que não leva a nada nem a ninguém. Ninguém lá está que com a confiança e a gentileza de um gesto, seque as lágrimas e gentilmente me acaricie na bondade de um abraço protetor.
Preencho a solidão com o isolamento e a tristeza com melancolia. E assim se ergue uma e outra vez; assim toma forma o refúgio.
Refúgio para ser quem sou, sem ser o que sou.
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Pegada surda
Ouvem-se os passos mas não as pegadas
Vemos as pegadas mas não os passos
Ouvem-se quando chegam e vêem-se quando partem
Assim é marcada a vida das pessoas.
Pudesse eu ver-te na fogosidade da chegada
Audível fosse a tua partida na eternidade da saudade
Enganos sensoriais ininterruptamente discretos
A indiscrição do racional moldando a emoção.
Assim sou eu
Ouvir para ver, ver por ouvir
Espontaneidades de enganos
Indecisão de sentimentos.
E o que sobra?!
Vemos as pegadas mas não os passos
Ouvem-se quando chegam e vêem-se quando partem
Assim é marcada a vida das pessoas.
Pudesse eu ver-te na fogosidade da chegada
Audível fosse a tua partida na eternidade da saudade
Enganos sensoriais ininterruptamente discretos
A indiscrição do racional moldando a emoção.
Assim sou eu
Ouvir para ver, ver por ouvir
Espontaneidades de enganos
Indecisão de sentimentos.
E o que sobra?!
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Ensaio
A vida não tem ensaios. Ou terá?!
Julgo não ter, mas procuro que tenha.
Evito o sofrimento, sinto a angústia!
Procuro a alegria, encontro a ansiedade!
Ensaio o viver e vivo o ensaio.
Mas será?! A vida é um ensaio.
Já sei,
Já senti,
Já encontrei,
Já tenho...
Sei, senti, encontrei, tenho o que quero,
O ensaio terminou e mais não tenho vida.
Não tenho não há. A vida?
Preciso de mais vidas.
Morro esta e outra vez,
Mas não vivo o tempo suficiente.
Espiral emaranhada
Causa ou efeito,
Destino ou arbítrio.
É tão complicado,
Tão complicado...
Julgo não ter, mas procuro que tenha.
Evito o sofrimento, sinto a angústia!
Procuro a alegria, encontro a ansiedade!
Ensaio o viver e vivo o ensaio.
Mas será?! A vida é um ensaio.
Já sei,
Já senti,
Já encontrei,
Já tenho...
Sei, senti, encontrei, tenho o que quero,
O ensaio terminou e mais não tenho vida.
Não tenho não há. A vida?
Preciso de mais vidas.
Morro esta e outra vez,
Mas não vivo o tempo suficiente.
Espiral emaranhada
Causa ou efeito,
Destino ou arbítrio.
É tão complicado,
Tão complicado...
sábado, 26 de outubro de 2013
Anti matéria
Desejos do passado, insatisfações do presente, irrelevância do futuro. Poderá significar fazer do passado o atual eterno, perpetuado a um tempo que existe para ter existido, mas não para vir a existir?
Sou a partícula que oscila entre dimensões. Não tenho importância, não tenho massa suficiente para interessar ao buraco negro que parece sugar tudo o resto e todos os outros que insisto gravitar em redor. Assim percorro livremente as dimensões do espaço, do tempo, na certeza da prisão do ostracismo. Não pertenço a nenhum lado, não pertenço a nenhum tempo...
A serenidade que a espaços e a tempos me visita, é como uma oferenda de uma existência primitiva. Na escuridão dos olhos fechados, na consciência da respiração, no embalar do batimento cardíaco, na música dos mecanismos mentais... Aí, sim aí nesse espaço, nesse tempo, aí sim a minha matéria cresce, avoluma-se e sinto-me sugado. Sou puxado a luz irrompe pela paz da escuridão, a respiração inquieta-se, o ritmo cardíaco sufoca e o cérebro grita ensurdecedoramente...
Aí a partícula que ganha massa, torna-se igual às outras. Ocupa um espaço, tem um tempo, o tempo certo. Só presente e futuro. Um novo nascimento em que as dores ficam do lado da nova vida e não de quem concebe.
Cambaleando de um sonambulismo profundo, encontro alguma paz e recomponho-me. Sou novamente o que sempre fui, o que nunca existiu, e o algum tempo, e o algum espaço. Sufoco novamente no desejo de viver no passado, no que ainda agora era presente, mesmo sem saber que o encontro mais facilmente no futuro.
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Morte de uma era
Morreu, ela morreu. Morreu a minha infância. Vítima da morte dos pais, não dos meus, mas dos que me são próximos.
Aquela ponte que me transporta da margem do real para o imaginário, um imaginário que existiu num passado nosso. A ponte que só eu vejo e mais ninguém atravessa. A ponte cuja travessia me leva a um mundo onde mais ninguém existe.
A imortalidade que julgamos ser transportada pelos progenitores esfuma-se num mar de ilusões e na propriedade perdida que reclamo como minha - a infância.
Pelos meus pais sou criança, pelos meus pais sou infantil. Faço birra, choro, rio, digo disparates. Só choro convosco e não julguei algum dia ter de chorar por vocês. Choro agora para não mais chorar. Não vos quero deixar partir, não quero, não deixo, não partam por favor... Não façam como os pais dos que me são próximos. Não vocês não, vivam, deixem-me partir antes. Não não é egoísmo, lembrem-se sou a vossa criança, tudo me é devido, tudo me é permitido. Deixem-me morrer antes, antes que morra a minha infância, porque sem ela julgo-me já morto!
Quero ser criança ainda que a espaços. Quero alguém que me recorde da criança que fui, para que seja agora a criança que desejam. Sou fraco de memória, mas há sensações que teimosamente se agarram como farpas nos dedos incautos, do artesão que esculpe a vida que julga ser a desejada. Acendei-me a memória!
Que dor, mas que dor nos olhos que não são meus, mas que mais parecem transportar a imagem interior da minha alma. Vai um, parte outro, vocês choram e choram. Quem me dera puder trazer os vossos pais de volta, quem me dera que fossem a infância vos fosse devolvida. Mas mais quero não perder a minha. Na vossa dor o meu medo, no vosso sofrimento o meu horror, na vossa angústia a minha ansiedade.
Deste ponto em diante não mais posso ignorar. Ignorar não quero, apenas que me ignorem. Sim quero isso... Quero que me voltem costas quando escolher atravessar uma vez mais aquela ponte que ninguém vê, nem eu sei se ainda lá está. Quero que me esqueçam, porque na outra margem da ilusão, perdido na infância estarei e aí serei eterno...
Não vocês não, vivam, deixem-me partir antes. Não não é egoísmo, lembrem-se sou a vossa criança, tudo me é devido, tudo me é permitido. Deixem-me morrer antes, antes que morra a minha infância, porque sem ela julgo-me já morto!
sexta-feira, 24 de maio de 2013
Pétala
Espero o silêncio, abraço o conforto. Cai a pétala, sim ela cai. Observo o movimento inesperado; passado como se fosse presente. É único mas banal, simplesmente especial porque vi o passado no presente, estava silêncio e havia conforto.
Mas terei mesmo visto?! Ainda formulo a questão na minha mente e responde-me audível o pássaro. Sim diz ele, sim... Porque haveria ele de dizer algo mais que isso, naquele momento. E pronto fiquei a saber!
Olho para lá em busca da compreensão e peço-lhes que caiam, mais uma vez caiam. Nada acontece... Formulo uma pergunta, mais uma e mais uma e nem o pássaro responde.
Para saber teria de ver o futuro, mas apenas vejo o passado. Neste exercício temporal esqueço uma vez mais o presente, este momento que parece nunca ser meu.
Mas ela, a pétala sinto que enfraqueceu o casulo. Uma centelha de luz irrompe e beija-me o rosto. Estremeço de dor, a dor de pressentir algo que tanto ansiamos mas que nos magoa por ser tanto simultâneamente. A mente reverte o entorpecer e num vigor a chama, ela a chama arde fraca, sem força, sem calor mas arde em mim...
Soma-se mais um dia mau, mau apenas porque o cito como mau à falta de reconhecer o bom. Soma-se mais um, mas ela, ela a pétala trouxe-me uma réstia de esperança. É cedo para sair do casulo, mas avizinha-se o tempo de o fazer e as asas estremecem debilitadas de entusiasmo!
Mas terei mesmo visto?! Ainda formulo a questão na minha mente e responde-me audível o pássaro. Sim diz ele, sim... Porque haveria ele de dizer algo mais que isso, naquele momento. E pronto fiquei a saber!
Olho para lá em busca da compreensão e peço-lhes que caiam, mais uma vez caiam. Nada acontece... Formulo uma pergunta, mais uma e mais uma e nem o pássaro responde.
Para saber teria de ver o futuro, mas apenas vejo o passado. Neste exercício temporal esqueço uma vez mais o presente, este momento que parece nunca ser meu.
Mas ela, a pétala sinto que enfraqueceu o casulo. Uma centelha de luz irrompe e beija-me o rosto. Estremeço de dor, a dor de pressentir algo que tanto ansiamos mas que nos magoa por ser tanto simultâneamente. A mente reverte o entorpecer e num vigor a chama, ela a chama arde fraca, sem força, sem calor mas arde em mim...
Soma-se mais um dia mau, mau apenas porque o cito como mau à falta de reconhecer o bom. Soma-se mais um, mas ela, ela a pétala trouxe-me uma réstia de esperança. É cedo para sair do casulo, mas avizinha-se o tempo de o fazer e as asas estremecem debilitadas de entusiasmo!
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Descoberta em discurso indireto
adoro escrever
sinto-me especial
nao o faço por ninguem faço-o por mim
construo e desconstruo mundos
vivo neles pelo tempo que quero,
quando quero e com quem quero
agora não consigo?
fico orfão de lugar não para estar,
mas para ser, para ser eu,
o eu que não mostro.
é o que sinto falta, falta de mim,
falta de quem fui,
julgando que seria no futuro,
quando fui no passado.
FALTA DE MIM!!!
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Novos ângulos
Numa memória efémera, própria daqueles que inconsequentemente se debatem com uma mente repleta de humores infelizes, penso... Penso ou sinto, não sei! Sinto, ou penso sem sentir: a vida é cheia de ângulos que julgo nunca terem sido vistos e ao mesmo tempo repleta de banalidade, que mais vale fechar os olhos e mais não ver desta forma pensada...
Mas então, então o que não está a correr mal, também não está a correr bem! Sinto... Sinto ou penso, mais uma vez não sei! Penso, ou sinto sem pensar: esta dormência dos sentidos tal qual membros adormecidos que não nos permitem caminhar ou segurar objetos devidamente, está a definhar-me mas está por breves momentos o seu fim. No fim, o desaparecimento dos demónios que Descartes descrevia, os ângulos serão realmente únicos e banalidade um monstro extinto.
Que chegue a consequência da vida!
sexta-feira, 15 de março de 2013
Na senda do meu nada
Perdido sem sair do sítio... Vazio sem espaço para mais nada...
Que silêncio atordoador este. A necessidade, este desejo, esta vontade... Sucumbo atordoado por espasmos incapacitantes.
Dou as coisas como não minhas. Questiono-me, poderia eu ter dado o que nunca foi meu para possuir?! Agora que fiz ter dado, com nada fiquei! E agora?!
Que teimosia, as ideias, a dança dos dedos primindo os botões pelos quais jorram letras nesta tela tal qual magia; a ânsia que fazia com que a sombra dos pensamentos corresse mais rápida que a verbalização das ideias; a dissipação da energia acumulada... Onde, onde está tudo isso?!
Nada, nada; o que resta nada... E o nada é tudo o que me resta!
Que silêncio atordoador este. A necessidade, este desejo, esta vontade... Sucumbo atordoado por espasmos incapacitantes.
Dou as coisas como não minhas. Questiono-me, poderia eu ter dado o que nunca foi meu para possuir?! Agora que fiz ter dado, com nada fiquei! E agora?!
Que teimosia, as ideias, a dança dos dedos primindo os botões pelos quais jorram letras nesta tela tal qual magia; a ânsia que fazia com que a sombra dos pensamentos corresse mais rápida que a verbalização das ideias; a dissipação da energia acumulada... Onde, onde está tudo isso?!
Nada, nada; o que resta nada... E o nada é tudo o que me resta!
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
A gaiola
Estranha inquietação que me tranquiliza.
Sinto-me livre apenas porque não vejo para lá dos muros da opressão.
Oh sol que nasces, diz-me o que viste do outro lado do mundo onde acabas de morrer!
Encosto-me bem no extremo, tanto que a minha distância focal não é limitada pelas grades, e vejo, vejo com os olhos fechados e o frio do metal no meu rosto.
Hoje é um dia bom, o meu dono limpou-me a gaiola.
Sonho fechado e não acordo quando a porta se abre. Teimosia sonolenta que não me deixa despertar, que não me faz parar de sonhar. Parar não quero, mas sonhar não é uma condição de posse, apenas de cobardia.
Já me disse que bem isto me sabe?! Porque parei?! Sinto-me tão bem... Abro os olhos, afasto o rosto e adormeço. Oh sol que morres vai ao outro lado do mundo e trás-me algo quando nasceres novamente perante os meus olhos fechados.
O que há para lá do mundo da opressão? Familiar harmonia que me destabiliza...
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