terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Asas e sonhos

A vida que sonhamos e a vida que temos. Separação entre realidade e sonho...

Hoje o dia trouxe-me o bilhete para a viagem e não entendia o porquê. Agora que a inicio vejo-me forçado a fazer uma pausa, por a compreensão me ter encontrado... A dor da recordação da partida cuja distância dos anos, dos meses, dos dias, horas, minutos, segundos, de todos os instantes que meço e sinto, não apaga ou atenua, inunda-me sem aviso. Pelo amor da mulher que partiu, da mulher que fez em grande parte o homem que sou hoje, permiti-me dizer a quem o devo, de dizer com toda a profusão do meu coração, de dizer: amo-te...

É tempo de retomar a viagem...

Porque não se transforma o sonho em realidade, para que a vida tome a dimensão desejada? É a realidade que aprisiona o sonho. Sonho porque tenho tudo para o fazer, sonho porque posso sonhar, e sonho simplesmente porque realmente não o sei viver.

O sonho dá-me as asas que me permitem voar, elevar-me e contemplar o meu mundo na segurança da soberania das alturas. A realidade aprisiona como um pássaro na gaiola. Tenho as asas mas fico confinado ao espaço da gaiola. Da gaiola não existe a noção de elevação...

É na verdade tão simples, mas tão simples. Um pássaro toda a vida vive enjaulado. O pássaro tem asas, o pássaro voa. O pássaro por natureza deveria voar, homem por natureza deve sonhar. O pássaro na gaiola não pode voar, o homem poucas vezes se permite viver os sonhos...

Um dia retira-se o fundo da gaiola e o pássaro teme; um dia o homem tem a possibilidade de viver o seu sonho e teme. O pássaro que tem asas, que deveria voar fica nesse momento assustado com medo das alturas, pois julgou que as asas foram feitas para sonhar e teme cair. O homem que deveria sonhar e viver os seus sonhos, fica nesse instante com medo de voar, pois julgou que as asas eram feitas de sonho.

Pássaros com medo de alturas e homens com medo de sonhar... Tão simples, tão real, tão meu...

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