Sozinho na companhia das palavras que escolhem ignorar-me, desprezar-me talvez. Ainda assim a melhor das companhias.
Mentira, não é verdade. A verdade é que me preferia a mim de companhia. Não este eu desprovido de cor, entusiasmo, de vida... Mas o eu que preenchia as reticências com continuidades de paixão, espírito, alma.
Pronto, estou sozinho. A ausência do eu que fui origina-me pânico.
Olho para o relógio e... Desejo que cá estivesses. Confrontado com os ponteiros que são agora números, deixo-me saber que se aproxima a hora de chegar e... Desejo que nunca cá chegasses! Tu chegas e eu não posso estar comigo.
Mas que porra, que revolta, que incompreensão... "Tu estás tão sozinho, és tão só". Que péssima companhia das palavras...
Queria dizer hoje o adeus, queria abraçar-te juntinho a mim... Antes de pedir-te desculpa, creio ter de me desculpar. Tenho de dizer-te o adeus, tenho de combater o receio, o pânico, a fraqueza. Tenho de não me forçar a viver, só para poder viver.
Perdido, só e encontrado na companhia das palavras. Palavras essas que não me dizem nada, nem me ajudam a que algo lhes diga. Com mentira digo a verdade e sim vocês são a minha melhor companhia
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Existência anónima
Para alguns uma arma impercetível, algo que captura o bem talvez mais precioso - a Alma. Para mim apenas uma desculpa para explorar, para me aproximar, para perscrutar emoções genuínas em pessoas de carne e osso, no cenário que melhor conhecem, as suas vidas quotidianas.
Estranha intrusão na vida alheia, apenas como simples forma de escapar destas quatro muralhas em que encerro a minha própria existência. Mergulhando na dor, no esgar do olhar, nas subtilezas dos gestos, descubro uma estranha tranquilidade.
Que pacífico, não falar, não escutar, não refletir, existir sem qualquer forma de diálogo. Procurar a invisibilidade para realmente existir. Circular entre desconhecidos e captando a energia, tal qual colecionador captura as borboletas. Por vezes frágeis, por vezes monstruosas, por vezes belas, outras vezes dissimuladas... Tudo é diferente, tudo necessita ser captado, tudo tem o valor.
Com o álbum preenchido na mente, tomo o caminho das quatro muralhas e da experiência da energia sorvida, desperto lentamente do coma e sobrevivo mais um tempo, quando o desejado era mesmo viver!
Estranha intrusão na vida alheia, apenas como simples forma de escapar destas quatro muralhas em que encerro a minha própria existência. Mergulhando na dor, no esgar do olhar, nas subtilezas dos gestos, descubro uma estranha tranquilidade.
Que pacífico, não falar, não escutar, não refletir, existir sem qualquer forma de diálogo. Procurar a invisibilidade para realmente existir. Circular entre desconhecidos e captando a energia, tal qual colecionador captura as borboletas. Por vezes frágeis, por vezes monstruosas, por vezes belas, outras vezes dissimuladas... Tudo é diferente, tudo necessita ser captado, tudo tem o valor.
Com o álbum preenchido na mente, tomo o caminho das quatro muralhas e da experiência da energia sorvida, desperto lentamente do coma e sobrevivo mais um tempo, quando o desejado era mesmo viver!
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Asas e sonhos
A vida que sonhamos e a vida que temos. Separação entre realidade e sonho...
Hoje o dia trouxe-me o bilhete para a viagem e não entendia o porquê. Agora que a inicio vejo-me forçado a fazer uma pausa, por a compreensão me ter encontrado... A dor da recordação da partida cuja distância dos anos, dos meses, dos dias, horas, minutos, segundos, de todos os instantes que meço e sinto, não apaga ou atenua, inunda-me sem aviso. Pelo amor da mulher que partiu, da mulher que fez em grande parte o homem que sou hoje, permiti-me dizer a quem o devo, de dizer com toda a profusão do meu coração, de dizer: amo-te...
É tempo de retomar a viagem...
Porque não se transforma o sonho em realidade, para que a vida tome a dimensão desejada? É a realidade que aprisiona o sonho. Sonho porque tenho tudo para o fazer, sonho porque posso sonhar, e sonho simplesmente porque realmente não o sei viver.
O sonho dá-me as asas que me permitem voar, elevar-me e contemplar o meu mundo na segurança da soberania das alturas. A realidade aprisiona como um pássaro na gaiola. Tenho as asas mas fico confinado ao espaço da gaiola. Da gaiola não existe a noção de elevação...
É na verdade tão simples, mas tão simples. Um pássaro toda a vida vive enjaulado. O pássaro tem asas, o pássaro voa. O pássaro por natureza deveria voar, homem por natureza deve sonhar. O pássaro na gaiola não pode voar, o homem poucas vezes se permite viver os sonhos...
Um dia retira-se o fundo da gaiola e o pássaro teme; um dia o homem tem a possibilidade de viver o seu sonho e teme. O pássaro que tem asas, que deveria voar fica nesse momento assustado com medo das alturas, pois julgou que as asas foram feitas para sonhar e teme cair. O homem que deveria sonhar e viver os seus sonhos, fica nesse instante com medo de voar, pois julgou que as asas eram feitas de sonho.
Pássaros com medo de alturas e homens com medo de sonhar... Tão simples, tão real, tão meu...
Hoje o dia trouxe-me o bilhete para a viagem e não entendia o porquê. Agora que a inicio vejo-me forçado a fazer uma pausa, por a compreensão me ter encontrado... A dor da recordação da partida cuja distância dos anos, dos meses, dos dias, horas, minutos, segundos, de todos os instantes que meço e sinto, não apaga ou atenua, inunda-me sem aviso. Pelo amor da mulher que partiu, da mulher que fez em grande parte o homem que sou hoje, permiti-me dizer a quem o devo, de dizer com toda a profusão do meu coração, de dizer: amo-te...
É tempo de retomar a viagem...
Porque não se transforma o sonho em realidade, para que a vida tome a dimensão desejada? É a realidade que aprisiona o sonho. Sonho porque tenho tudo para o fazer, sonho porque posso sonhar, e sonho simplesmente porque realmente não o sei viver.
O sonho dá-me as asas que me permitem voar, elevar-me e contemplar o meu mundo na segurança da soberania das alturas. A realidade aprisiona como um pássaro na gaiola. Tenho as asas mas fico confinado ao espaço da gaiola. Da gaiola não existe a noção de elevação...
É na verdade tão simples, mas tão simples. Um pássaro toda a vida vive enjaulado. O pássaro tem asas, o pássaro voa. O pássaro por natureza deveria voar, homem por natureza deve sonhar. O pássaro na gaiola não pode voar, o homem poucas vezes se permite viver os sonhos...
Um dia retira-se o fundo da gaiola e o pássaro teme; um dia o homem tem a possibilidade de viver o seu sonho e teme. O pássaro que tem asas, que deveria voar fica nesse momento assustado com medo das alturas, pois julgou que as asas foram feitas para sonhar e teme cair. O homem que deveria sonhar e viver os seus sonhos, fica nesse instante com medo de voar, pois julgou que as asas eram feitas de sonho.
Pássaros com medo de alturas e homens com medo de sonhar... Tão simples, tão real, tão meu...
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