Quando a sombra é mais genuína que eu, que mais poderei ser, que uma escassez de ideias encerrada num despropósito de existência?!
O ruído que me rodeia impossibilita que pare, que ouça, que veja, que me oriente. Não sei pelo que estou, para onde vou. Tenho de parar, tenho de não escutar, não falar. Simplesmente tenho de não ser, para poder voltar a ser algo.
É no vazio que posso distinguir as cores, as formas. É na ausência de forma que as ideias tomam mais dimensão. Perdi o caminho, perco o caminho. Perdi noção da materialidade do que realmente interessa, perco o interesse no que me deveria cativar.
O tempo passa sem perdão como areia pelos dedos da minha mão aberta. "Logo... Logo não, amanhã. Amanhã de certeza... Se não amanhã, para semana não passa!" Com este holograma de decisão adio o que tem de ser feito. Tenho, preciso, é urgente. É urgente, preciso e tenho de parar. Parar para pensar.
Simplesmente parar, limpar a mente, sentir o presente sem compromisso. Sentir o sol no rosto, a harmonia sonora do crepitar das ondas na areia, a textura da maresia na boca... Os olhos, esses não perscrutam nada, não são portas de entrada mas sim de saída. A boca é a mais activa mas inaudível.
Pensar é meditar, abstrair de tudo, ser impune em pensamento, não ser regido por leis da moralidade, da física, nem por quaisquer ditames humanos. É conjugar o presente com um convite para o passado se juntar, para que juntos nos seja mostrado o melhor futuro.
É tempo de pensar, tenho de pensar, tenho de parar...
Depois poderei questionar: "Agora sei onde estou, mas estarei onde julguei estar? Onde estarei depois?"
Estarás onde queres estar... Se assim não for, mudas de caminho.
ResponderEliminarbj
**PC**