sexta-feira, 14 de maio de 2010

Asfixia

Sinto uma força cuja a intensidade balança entre o sustentável e o insuportável. Por vezes sigo com a força, atrasando mas sigo, outras porém sinto-me arrastar para o fundo. Não respiro, debato-me incessantemente por vir à superfície onde os meus pulmões suplicam por uma lufada de ar. Consigo apenas o suficiente para manter a ilusão que alguma vez terei o o que necessito, ainda que com esta âncora que me prende e arrasta.

Paro, deixo-me arrastar, atinjo o equilíbrio, um equilíbrio no qual não há oxigénio. Ali, logo ali, tão perto... mais um esforço, mais um esbracejar e colocarei as minhas vias respiratórias em contacto com esse bem tão precioso. Mais físico, mais materializado porque a dor não é uma promessa mas o presente em mim, a força. Olho para ela, revolto-me, cresce em mim e canaliza as energias que me restam. Com fúria desejo lançar-me sobre ela, sobre a âncora, cortar este cordão umbilical que nos une, ainda que a liberdade absoluta venha tarde no tempo e o que me reste não me permita chegar à superfície.

Branco/preto, calor/frio, doce/amargo, ruído/silêncio, amor/ódio... Opostos como as faces de uma moeda, mas unos no significado da unidade. Talvez tenha de sentir algum de um, para ter o que desejo do outro, talvez... Talvez enseje algo que temo. Talvez as grades que me aprisionam, sejam de facto uma muralha que me resguarda do que me prejudicará.

Não sei, entre todos os talvez amaldiçoo-o a indiferença da decisão, não sei...

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