quarta-feira, 1 de julho de 2009

Síndroma Bloguista

Numa altura que se somam o número de indivíduos contagiados com a "gripe da moda", sinto-me adicionado ao role de um outro quadro clínico. Os sintomas são de fácil e aparentemente identificação, seja a "despersonalização" crescente dos assuntos abordados, como o intervalo temporal que os vai separando.

Num primeiro diagnóstico seria confortável afirmar que o síndroma bloguista se tinha instalado, superando todas as firewall instaladas. Precipito-me num carrossel de exercícios mentais, como é de meu apanágio, e separadas as linearidades subtis do presumível diagnóstico, procuro as causas ainda antes de avançar para os medicamentos.

Numa breve sinopse percorro a rotina repetida diversas vezes ao dia, iniciando teimosamente a instrução nova mensagem. Realinho na mente os diversos factos dos quais construí ideias de post. Contrabalanço a necessidade de exorcizar e partilhar situações e/ou percepções, com o instinto de auto-preservação. Não faltou a oportunidade, não faltou a matéria, não faltou o desejo, que terá então faltado?

Do diagnóstico passei para as causas, só como uma etapa pois descubro que ainda tenho de recuar mais. As modas cativam-me, a teimosia afasta-me; o movimento bloguista sempre despertou em mim curiosidade e anseio por o abraçar, o momento certo é que nunca se alinhou com esse sentimento, numa simbiose que me permitisse atingir objectivos. E que objectivos?! Objectivo meu, meta partilhável. Afasto-me do caminho que escolhi traçar quando as primeiras teclas foram premidas...

É irónico, não consigo de deixar que é irónico. Irónico que em mim, no meu âmago me debata com exigências de compreensão; sentimentos exacerbados implodem; confusão e certeza, organização e dúvida; revolução de ideias; não o sei dizer de outra forma, não sei. O que a pele não traduz, que poderá o papel dizer? Sinto-me frágil na condição humana, exposto igualmente, mas sinto-me vivo, sinto-me pinóquio que vira menino de verdade, só que para além do calor de um sorriso entendi o preço, o preço da dor da lágrima.

Sei quem sou. Saberei mesmo?! Sei o que quero, mas receio o que não desejo. Partir com medo de não chegar é a mesma coisa que ficar. Quero descobrir, quero sentir, quero mostrar e ao mesmo tempo quero não querer nada, apenas aceitar as conquistas, honrar as derrotas e ser eu mesmo. Por quem eu quero? Por quem me quer; julgando não querer sei que tens de ser minha, numa posse que não é obsessiva, mas idealista.

Necessito desinstalar o firewall. Tudo entra, nada sai, não é para isso que ele aqui está. Não é uma justificação e claramente não é uma desculpa, apenas um acto de resignação às circunstâncias. Novamente perdido, termino o exercício num ponto de partida mais dogmático que o ponto de chegada, que deveria indicar o final do percurso e não o início como aqui.

Que síndroma é este?!

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