quinta-feira, 16 de julho de 2009

Suspiro


Toda a estória tem um outro lado, ou assim me fazem crer. Perco o rasto à afirmação e não sendo inteiramente minha, ostento-a tal como o vento sacude uma bandeira, sem perguntar quem é o seu proprietário.


Vejo de um lado, vejo do outro, o lado que é meu e o que não sei a quem pertence. Vejo por todos os lados e mais me sinto voltado para dentro, fechando um círculo que talvez nunca o deixara de ser.

Quem eu sou?

Sou peixe que nada no aquário e não no mar
Sou pássaro que na gaiola sonha com a miragem do céu
Sou flor que existe em estufa, estremecendo de desejo pelo sol...

Se sou peixe, pássaro, flor,
Se desconheço o mar, o céu, o calor do céu,
Mas se julgo nadar, sonhar, existir

Então quem sou eu?

Suspirando, nego-me a descobrir...

domingo, 5 de julho de 2009

Foi assim que tudo aconteceu

Cheguei, aqui estou eu. Na verdade não cheguei mas tento desfrutar dos instantes imediatamente antes de cortar a linha de chegada. Sensação de inércia, movimento nulo, tempo parado... Olho o coração, olho em meu redor e penso que teria de acontecer, mas como chamar-lhe?! Destino? Os sentimentos guardo-os para mim, a partilha seja com quem tem significado, o futuro aguardo da mesma forma que vivo o presente, like living in a world of dream but scare of have to come back to real life...
Mas como aconteceu?! Foi assim que tudo aconteceu:
"Eh pa miúda isto então é assim... Sei lá como é. Na verdade tinha escrito esta cena antes, só que isto deu erro e apagou tudo. À segunda nunca é tão bom, mas acredita que tinha alguma piada.
1º falava que fiquei com raiva quando vi o moderado, mas depois entendi e fiquei envergonhado; rematando com 1 piadita do nível da liga dos últimos.
2º comecei com a piada e disse mais umas cenas de estar preocupado e tinha de ter cuidado contigo. Fiz trocadilhos para demonstrar que li, julguei entender, julguei partilhar e mesmo sentir o que escreveste no teu perfil. O MOMENTO fez-me pensar criar perfil no facebook e saber um pouco mais.
3º falei das “NOSSAS” férias e dei-te as datas possíveis. Envolvia pelo meio, uma sequela do filme “Dança com Lobos”, que envolvia brincadeiras com o teu lobo aguardando que chegasses do trabalho de 8 horas em frente do computador. Nos 20 minutos que vinhas a casa para almoçar (descontei 5 min de ida e volta), terias um óptimo almoço preparado por mim. Na verdade havia mais que o almoço mas não descrevo.
Havia 4º, 5º e muito mais. Havia uma parte que te pedia análises ao sangue para ver a compatibilidade e assegurar que os nosso filhos seriam saudáveis. Dizia para fazeres uma lista de nomes, pelo menos 3 que seria o número mínimo e que depois adoptaríamos mais, um por cada país que vivêssemos mais de 2 anos... resumindo, uma série de disparates. Ainda bem que isto deu erro...
Tudo para dizer que me fazes confusão, eliminas a indiferença, desmoronas as defesas, atrais-me para o desconhecido e fazes desejar um momento em particular. Depois disto peço-te para que no mínimo me digas que sou parvo e me metas no lugar, para eu voltar a estas meninas incipientes sem risco de os alarmes despertarem. A culpa é desta cerveja alemã e das igrejas deixadas semi erguidas após os bombardeamentos dos aliados. Aprendi que há coisas que não se devem reconstruir ou demolir, e podemos ter algo muito belo ao lado.
Um simples beijo pour toi, que não caia no spam"
Agora sem tecnologia no meio de nós, aguardo na estação da vida que o comboio te traga até mim, para que caminhemos em direcção ao local onde o sonho toma forma...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Síndroma Bloguista

Numa altura que se somam o número de indivíduos contagiados com a "gripe da moda", sinto-me adicionado ao role de um outro quadro clínico. Os sintomas são de fácil e aparentemente identificação, seja a "despersonalização" crescente dos assuntos abordados, como o intervalo temporal que os vai separando.

Num primeiro diagnóstico seria confortável afirmar que o síndroma bloguista se tinha instalado, superando todas as firewall instaladas. Precipito-me num carrossel de exercícios mentais, como é de meu apanágio, e separadas as linearidades subtis do presumível diagnóstico, procuro as causas ainda antes de avançar para os medicamentos.

Numa breve sinopse percorro a rotina repetida diversas vezes ao dia, iniciando teimosamente a instrução nova mensagem. Realinho na mente os diversos factos dos quais construí ideias de post. Contrabalanço a necessidade de exorcizar e partilhar situações e/ou percepções, com o instinto de auto-preservação. Não faltou a oportunidade, não faltou a matéria, não faltou o desejo, que terá então faltado?

Do diagnóstico passei para as causas, só como uma etapa pois descubro que ainda tenho de recuar mais. As modas cativam-me, a teimosia afasta-me; o movimento bloguista sempre despertou em mim curiosidade e anseio por o abraçar, o momento certo é que nunca se alinhou com esse sentimento, numa simbiose que me permitisse atingir objectivos. E que objectivos?! Objectivo meu, meta partilhável. Afasto-me do caminho que escolhi traçar quando as primeiras teclas foram premidas...

É irónico, não consigo de deixar que é irónico. Irónico que em mim, no meu âmago me debata com exigências de compreensão; sentimentos exacerbados implodem; confusão e certeza, organização e dúvida; revolução de ideias; não o sei dizer de outra forma, não sei. O que a pele não traduz, que poderá o papel dizer? Sinto-me frágil na condição humana, exposto igualmente, mas sinto-me vivo, sinto-me pinóquio que vira menino de verdade, só que para além do calor de um sorriso entendi o preço, o preço da dor da lágrima.

Sei quem sou. Saberei mesmo?! Sei o que quero, mas receio o que não desejo. Partir com medo de não chegar é a mesma coisa que ficar. Quero descobrir, quero sentir, quero mostrar e ao mesmo tempo quero não querer nada, apenas aceitar as conquistas, honrar as derrotas e ser eu mesmo. Por quem eu quero? Por quem me quer; julgando não querer sei que tens de ser minha, numa posse que não é obsessiva, mas idealista.

Necessito desinstalar o firewall. Tudo entra, nada sai, não é para isso que ele aqui está. Não é uma justificação e claramente não é uma desculpa, apenas um acto de resignação às circunstâncias. Novamente perdido, termino o exercício num ponto de partida mais dogmático que o ponto de chegada, que deveria indicar o final do percurso e não o início como aqui.

Que síndroma é este?!