A geometria da vida não segue contudo a matemática e a racionalidade dos números. A reta toma diversas direções, sentidos opostos, numa insanidade à qual não se encontra Criador para tal.
Destino, aflora à ideia desta conceção, mas não, seria demasiado redutor, simplista por assim dizer. Ponto de partida, ponto de chegada, unidos por um percurso, que toma diversos caminhos. Nesta simplicidade reside o início desta ideia...
Caminho ladeado por árvores, há muito pouco tempo desprovidas de vida, de folhas, de cor. Os pássaros exibem-se numa profusão de sons; os ramos esgalham-se, assediados pela mesma brisa que acaricia a pele despida e suada do caminhante; pelo nariz invadem promessas de esplendor odorífero.
Inquietante escolher um caminho, o caminho. Horrendo por vezes seguir nesse mesmo caminho. Por vezes o caminho é muito largo e muitos seguem a par do caminhante, outras porém seguirá sozinho mais tempo que o deseja, pois os obstáculos terão de ser vencidos na individualidade.
Por vezes, as árvores estão totalmente despidas, chove e está frio; outras vezes está calor, e na sombra das árvores encontra-se resposta à súplica para refrescar; por vezes o caminho está tal qual aqui se mostra; outras vezes é sugada a energia das folhas, até que se debruçam num último mergulho sobre o chão, ostentando cores intensas e acariciando os passos do caminhante...
Sazonalidades, simples caprichos do destino. Destino insiste em surgir, mas aqui não toma lugar. Se ao menos os caminhos tivessem setas amarelas indicando qual a escolha, com a sensatez de fazer parte do percurso!
Escolhe sentir, escolhe descobrir, escolhe confiar nos sentidos, escolhe seres tu. Escolhe saber escolher, com consciência de onde vens mas sem te importares para onde vais e qual o fim. Saberás ser o teu destino quando souberes afirmar: estou aqui e estou vivo!
Se ainda não o sabes dizer então segue por um caminho diferente...
In Letras do Olhar em 04 de Maio