Sim compro-o, compro o de menor calibre, aquele de letra minúscula, não sobrem confusões, sucumbam as dúvidas, pelo menos estas. Melhor quero-o comprar, mas não sei como, não sei onde, não sei a quem, não sei quando. Nada sei para além que o quero e isso já não é notícia, pois para além do quê, não tem quando, como, a quem, não tem mesmo nada.
O amor, compro-o. Sei bem o que quero, sinto-o, anseio por ele, sufoca-me só imaginar. Só, não pela solidão, só tal qual o ar que faz arder os pulmões na ausência. Incendeia-se em mim a sua ausência, esse amor menor.
Menor, mais pequeno, ou o único, que sei eu afinal?! Qual afinal? Um tempo, um espaço, uma intenção, imensa partilha, ausência de dor. É esse...
As coisas simples; a mão que afaga o cabelo; o bater do coração daquele que nos segura maternalmente nos braços; os lábios ternos, húmidos e quentes que deliciam os meus, numa dança de dois amantes embrenhados em sincronias irrefletidas; o cheiro após o beijo da minha boca, qual flores perfumadas pela chuva calma e abençoada; as palavras que são só isso mesmo, palavras que convidam, palavras que embalam, palavras que fazem sonhar, palavras que dizem mais que o silêncio e nunca menos.
E, não é tudo. Quero o sexo, quero-o porque o animal encerrado dentro de mim estripa-me, dilacera-me com as suas garras. Quero, quero mesmo, compro o que quero, compro-o, a ele ao amor, ao sexo...
No fim, não posso sofrer, não há desmoronamento de emoções, não há dor infligida, não há dor sofrida. Sem sentimento de perda, sem perda de sentido, sem saudade. Com significado, com intensidade, com partilha, com tudo, mas tudo num tempo, num espaço, num sentido...
Paro um pouco, penso no caminho que me trouxe a esta linha. Sinto, tomo consciência, absorvo esta inquietação, traduzo-a minimamente. Vejo dúvidas, vejo confusões... Será que compro, ou será que vendo? O Amor, ou o amor? Não sei, simplesmente não sei, mas quero, quero mesmo muito!
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