Zero é um. Zero é nada, não existe, apenas está lá. Está lá e não está não conta. Zero para dizer nada, na oposição do tudo, subtraindo o tudo ao absoluto fica o zero e ainda assim é nada.
Nada igual a zero, mas será? Ocupa espaço nenhum, tempo algum, expressão do um. O um é zero, o zero que precede o um já é um. Conto como aprendi, como nasci para contar, conto pelos dedos. Tenho dez dedos, um ,dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez; dez dedos, mas e o zero como o conto? Antes do um depois do um, à esquerda e à direita, conto e não conto...
Dez, onze, doze, treze, catorze, quinze, dezasseis, dezassete, dezoito, vinte... Dez dedos, dez números! Ando à volta dos números para saber o meu lugar, à esquerda ou à direita, mais visível ou menos visível. Que interessa sei ser o zero e existo. À esquerda sou para não ser visto, à direito sou visto sem saber ser.
Tudo porque conto os puzzles pelos dedos. Conto e do 100 ao 108 não há 8 mas nove. Números em extenso, números árabes, mas números. Árabe por não existir extenso existindo. Os dedos não me contam, mas sei que existo. Existo pois, existo e sou um zero!