Sou uma matéria entre energias. Insignificante na massa, insignificante no número mas com existência. Estou num campo de forças, num equilíbrio precário. Sou electrão no átomo, átomo na molécula. Reajo aos estímulos externos, ao calor, ao frio, ao amor e ao ódio.
Procuro afinidade entre protões e combato veememente electrões. Sou menos e quero mais, e do mais depende a minha estabilidade. Encontro-a a breves trechos numa escala de tempo não mensurável pela mecânica quântica dos tablóides. A ligação com o protãodepende menos da afinidade e mais da repulsa pelos outros electrões. Surge um estímulo exterior cai a ligação e fico de novo numa liberdade precária, que julgo conduzir quando não sou mais que arremessado. Acelero progressivamente, armazeno uma quantidade enorme de energia anímica vital, atropelo electrões, ignoro protões, sou imune aos estímulos exteriores.
A energia é consumida, fico desgastado, abrando. Sufoco, impludo, e tenho de escolher. Entre o combate e a união escolho a união. Nos primeiros instantes de tranquilidade, digo que estou farto de cargas, quero ser neutro, quero ser estável, quero sair da tabela periódica e ser representado como uma parte do todo e não como um todo que não faz parte de nada. Isso nos primeiros instantes.
O círculo recomeça, movido por vontades que não encontro origem. Penso, o que posso eu ser, o que posso eu fazer?!
Sem comentários:
Enviar um comentário