Saudades das lágrimas que me correm pelo rosto. O seu calor, a sua forma, a sua velocidade, beijam cada relevo da pele, seguindo um rumo natural, sem criticar qualquer imperfeição e sinto-me abraçado, intensamente abraçado.
Lavam, sim lavam, pelos olhos saem e avolumam-se. No novo espaço que ocupam, tomam a incerteza de frustrações, infelicidades, tristezas, nostalgias ou simples ausências de sorrisos.
As lágrimas correm, eu corro. Como se estivesse numa eterna corrida, curva sobre curva, recta após recta. A sensação de já lá ter passado. Nas bancadas aglomeram-se amigos, familiares, simples conhecidos, trausientes, ou personagens que sabemos virem a tomar um papel nas próximas voltas. Acelero, abrando, perco terreno, ora estou em primeiro, ora em último. Glória, frustração, tudo se sucede num plano engendrado ao qual apenas sou um peão neste tabuleiro que é a minha vida, mas ao qual desconheço a força que move as peças.
Estou cansado, sem energia, vou às boxes. Arranco, sucede-se o habitual e nem a visão da bandeira de xadrez que assinala o fim de algo é suficiente para evitar que tente ver para além do asfalto, para além das bancadas, para além da vedação. Sinto, sinto a vontade crescer, sinto o combustível carburar num sentido que apenas significará seguir a estrada que me tira da pista para fora. Anseio sair desta circo de feras, anseio sair pista fora e seguir ao meu próprio ritmo, sem bandeiras, sem primeiros nem últimos, em que cada curva seja a primeira, cada recta única.
Já as sinto, sim sinto-as e que saudades eu tinha...
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