domingo, 29 de junho de 2014

Estranho dia

E que bom dia este para escrever. Que mais poderei fazer dele?! Tudo despropósitos que impedem de sentir algo para além disto. O isto que está aqui enraízado, que me tolda a imagem, distorce o sabor, adormece o tato, apaga o odor e atenua o som.

Sátira sem humor, sem astúcia, sem nada. Desprovimentos de intenções, pautados aqui e ali por impressões de sentidos, que mais não são do que miragens sem dimensões, sem vida, sem consciência.

E por isso escrevo e escrevo como se vivesse, mas viverei eu de facto?! Dou-me conta da pequenez, quando todavia não desejo transcender a minha dimensão. Podem parecer confinadas as fronteiras que me delimitam, mas nelas me perco, nelas procuro uma existência que é a minha, mas absurdamente não encontro.
 
Que mais dizer?! Mais não escrevo, pois hoje o dia não é de sentir, viver não é o dia e a escrita é falsa!

domingo, 22 de junho de 2014

Fluir de intencionalidade

A noite cai mas o rio não pára de correr
A noite cai e todos adormecem.
O sol põe-se e outros ganham vida
O sol põe-se e o rio procura o mar.

Parece existir um espaço e um tempo
Tudo com o significado da procura sem busca.
No propósito da existência e da temporalidade
Só eu não encontro onde existir.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Vazio

Procuro encher com significado um conceito totalmente desprovido de tal. Sinto-o, sinto-o avassaladoramente. O vazio enche-me o meu âmago, em mais uma ambiguidade deliciosa.
 
Roubo a ideia, perscruto o significado do sentimento. Saque que mais não é que pedir uma indicação para um caminho, para um destino que ninguém sabe existir, ou como chegar. Ouso sentir, ouso aproximar-me demasiado e demasiado é uma dor que não se sente, mas se mostra.
 
Mostro o despropósito, mostro o oposto. Contradições ou uma vez mais ambiguidades. Agora as minhas, apenas as minhas. A ousadia é de longe superado pelo receio. Receio do desconhecido familiar.
 
Pelo vazio encerro-me sobre mim, cobrindo-me com os meus braços num abraço apertado. Acariciando as lágrimas antes que se formem. Disfarçando medo com sorrisos, nervosismo com parvoíce.
 
Caramba que sufoco, que agonia...

domingo, 1 de junho de 2014

Totalmente absorto por este vazio sufocante.
A solidão esmaga figurativamente o tórax impedindo de respirar.
Solicitude do espírito de agonizante amargura.
E tudo isto para quê?
Surja uma luz, réstia que seja
Ilumine algo, ilumine-me
Resta-me olhar, observar
Do alto, do lado de dentro
Seguro pelas grades que impedem
Não que entrem, mas que eu saia!