quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A gaiola

Estranha inquietação que me tranquiliza.
 
Sinto-me livre apenas porque não vejo para lá dos muros da opressão.
 
Oh sol que nasces, diz-me o que viste do outro lado do mundo onde acabas de morrer!
 
Encosto-me bem no extremo, tanto que a minha distância focal não é limitada pelas grades, e vejo, vejo com os olhos fechados e o frio do metal no meu rosto.
 
Hoje é um dia bom, o meu dono limpou-me a gaiola.
 
Sonho fechado e não acordo quando a porta se abre. Teimosia sonolenta que não me deixa despertar, que não me faz parar de sonhar. Parar não quero, mas sonhar não é uma condição de posse, apenas de cobardia.
 
Já me disse que bem isto me sabe?! Porque parei?! Sinto-me tão bem... Abro os olhos, afasto o rosto e adormeço. Oh sol que morres vai ao outro lado do mundo e trás-me algo quando nasceres novamente perante os meus olhos fechados.
 
O que há para lá do mundo da opressão? Familiar harmonia que me destabiliza...