terça-feira, 14 de agosto de 2012

Sentimento

Sentimento é uma plasticina que moldamos para a forma como queremos que os outros o percepcionem.

Não deixa de ser o que é, mas nunca é o que dizem ver.

Bastaria que deformassem os vícios de interpretação e a plasticina tomaria o verdadeiro sentimento, sentimento esse que busco esconder!

Que bem escondi ele está...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Motivação

Mas que raio?! Que raio... A nascente não secou, o rio é que perdeu o seu curso. O comentário surgiu como que um alerta que a barragem se aproxima perigosamente do seu nível máximo. Tenho de libertar tenho de deixar sair...

Tantos e tantos temas, imensas incertezas, percalços, inquietações me assaltam. Sem desmoronar a frágil construção da integridade exterior, inicio a já habitual viagem e não menos habitual encontro a desculpa: não me apetece fabricar essas palavras, esses sonhos essas emoções. Se ao menos a Fábrica das Palavras, se ao menos...

Sem desculpas, sem compromissos, mas envergonhadamente inicio para descobrir a responsabilidade e o risco de escolher um ponto de partida e um de chegada, com receio de perder no caminho. Ora bem, a Motivação, seja ela,venha a mim a matéria prima das palavras que de sonhos inconcretizados e emoções melancólicas.

O mais engraçado é que espreito os outros e vejo pelas palavras fabricadas um mundo de zombies. Nada de crises, nada de troikas, , nada de desemprego, nada de lamúrias, nada de nada.

Jogos olímpicos, falta de medalhas, habitual resignação e pessimismo português; o que contará mais uma medalha ganha por uma brasileira naturalizada portuguesa, ou um cavalo português montada por uma qualquer outra nacionalidade?! Nem isso, mas ok estamos em Agosto e a fábrica já terminou esse lote.

Férias, falta de férias, as que foram e as que ainda serão! Nada mesmo nada, estranho mundo de zombies. Para quê produzir palavras que ninguém consome, para quê? Mas, talvez não um mas, no entanto também não o concluindo, que não conclui. Ia dizendo?! Ia dizendo nada, não tenho de dizer nada com sentido, não me sinto motivado, não há motivação.

Não tenho motivação. Tento redescobri-la todos os dias. Faço passagem de dias como se faz passagem de anos. Amanhã, sim amanhã farei, sim amanhei realizarei, sim, sim, sem dúvida sim. Não, não, o amanhã passou a ser ontem e nada mudou. Procuro a motivação, procuro concretizar os sonhos, obrigo-me a sonhar. Se calhar deveria estar a escrever sobre a desmotivação, mas não me diz a sombra o que é a forma original. A minha desmotivação é a sombra dos sonhos inconcretizados e das emoções melancólicas, mas agarra-me a algo e é a motivação que preciso para avançar.

Olhos postos na sombra, retiro-me novamente como a fábrica e vejo os meus pares. Atrevo-me a julgar-me um deles e sinto-me integrado...

Sacia-me parte da fome motivacional a "deliciosa ambiguidade". Talvez seja isso, talvez...